Em junho de 2011, realizei o levantamento planimétrico de uma gleba de aproximadamente 1,11ha para a atualização cadastral e venda da mesma para a Universidade Federal de Pelotas com o auxílio do estagiário de arquitetura Andrio Oliveira Cardoso da AC Arquitetura.
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Prancha 01 Levantamento Planimétrico da Área |
Trata-se de uma área de situação ímpar por conter uma casa em estilo colonial de ocupação irregular por diversas famílias.
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Pesquisadores da UFPel já encontraram peças que podem ser vestígios da senzala da charqueada Santa Bárbara. Fonte: Correio do Povo |
"A casa em estilo colonial, própria do início do século XIX, foi o primeiro passo à descoberta do que pode ter sido a charqueada Santa Bárbara, citada em livros, revistas e documentos e agora localizada por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O endereço é a rua Santa Tecla, próximo à Conde de Porto Alegre, região que ficava às margens do arroio Santa Bárbara, antes de este ser aterrado e virar canal. A identificação das terras que chegaram a pertencer ao vereador José Vieira Viana e a Visconde da Graça dá início a um processo longo, sem data prevista para terminar. As escavações arqueológicas começaram há menos de um mês, em ruína onde possivelmente tenha funcionado a senzala da charqueada.
Doze tijolos do piso e 12 das paredes irão indicar a data do prédio. O material será analisado em laboratório da Universidade de São Paulo (USP) e vai na bagagem do geofísico Gelvam Hartmann, como elemento ao seu pós-doutorado, cujo tema é “O arqueomagnetismo no Brasil”. O resultado deve ser revelado dentro de seis meses. Até o momento, uma moringa (jarro de cerâmica), utilizada no período da escravidão, ajuda a reforçar a tese de que a construção – com 17,60 metros de comprimento por 5,35 m de largura – era, sim, alojamento de escravos. Roldanas, pregos antigos, talheres, vidros, garrafas e artefatos relacionados à montaria e à tração animal já foram encontrados, parte deles em meio aos entulhos do desabamento do telhado e de uma das paredes laterais.
O trabalho é interdisciplinar, em que 15 acadêmicos e cinco professores dos cursos de História, Arqueologia, Museologia e Conservação e Restauro, além do Curso de Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural, unem esforços, compartilham conhecimentos e buscam a melhor técnica para preservar cada peça encontrada. Tão logo o detector de metais começa a ser passado sobre o solo, um sinal sonoro anuncia: um objeto circular, possivelmente uma moeda, é o próximo item a ser numerado, fotografado e catalogado. “Agora, por meio de algum reagente, com um método muito delicado, vamos buscar identificar a datação”, diz o arqueólogo uruguaio Jaime Mujica. Nenhuma informação pode ser desprezada. Todos estão voltados ao mesmo projeto: “O pampa negro: a arqueologia da escravidão na região meridional do Brasil”, patrocinado pelo CNPq e coordenado pelo professor Lúcio Menezes."
Fonte: Correio do Povo , 25 de outubro de 2011
Link para a matéria: www.correiodopovo.com.br